segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Em alto mar

Na área comum de um elegante cruzeiro marítimo, uma jovem olhava para o mar. Sozinha, ela permaneceu imóvel durante muito tempo, a se misturar com a paisagem, como qualquer outro objeto do navio.

Ela se vestia de maneira simples e recatada. O vestido branco de cortes retos tinha um respeitoso decote, que não passava da altura de suas clavículas. Magra e, pelo que pude observar, mais alta do que a média das mulheres, ela poderia passar facilmente por uma modelo, não fossem seu rosto e nariz pequenos e arredondados, que não costumam agradar o gosto das passarelas. Os cabelos cacheados foram cuidadosamente presos em um coque impecável. No entanto, como que confinados pelos grampos, os fios, que aparentavam terem sobrevivido a anos de violentos tratamentos químicos para controlar volume e maciez, tentavam escapar sobre sua testa, onde podiam ser relativamente livres, associando-se em organizações rebeldes de cachos e ondas.

Seus olhos eram a expressão máxima de seu estado de espírito. Negros e bem redondos, eles estavam semicerrados, não a mirar o movimento das ondas do mar ou as cores do sol que se punha no horizonte. Pareciam estar à deriva, a léguas de distância de onde se encontrava, a enfrentar suas próprias tempestades internas.

Para completar o visual, o colar de pérolas, mais ou menos à altura de seu decote, era visivelmente falso. Ele fora pintado com alguma tinta de coloração brilhosa e que já começava a descascar, revelando aos poucos o que ela se esforçara tanto para esconder.

Entretanto, ela mantinha o adereço no pescoço em uma das áreas de maior exposição do navio. Mesmo com suas pedras desgastadas, o objeto não deixava que os passageiros do navio esquecessem que, assim como eles, ela também prezava pela elegância.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

That's not me

Beach Boys

I had to prove that I could make it alone
But that's not me
I wanted to show how independent I'd grown now
But that's not me

I could try to be big in the eyes of the world
What matters to me is what I could be to just one girl

I'm a little bit scared
Cause I havent been home in a long time
You needed my love
And I know that I left at the wrong time

My folks when I wrote them
Told em what I was up to said that's not me

I went through all kinds of changes
Took a look at myself and said that's not me

I miss my pad and the places I've known
And every night as I lay there alone I will dream

I once had a dream
So I packed up and split for the city
I soon found out that my lonely life wasnt so pretty
Im glad I went now I'm that much more sure that were ready

I once had a dream
So I packed up and split for the city
I soon found out that my lonely life wasnt so pretty

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Quando o meio também é começo e fim

É engraçado quando a gente se enxerga nos outros.
Os comportamentos, os sonhos, as aspirações, as ingenuidades.
Encontrar o seu ontem no hoje de outro.
E fazer seu próprio balanço à custa dos outros.
Medir o caminho percorrido, pensar nos obstáculos atravessados, seja à duras penas ou inconscientemente.

Visão panorâmica sem sair do lugar.

*

Senso de completude, a certeza de que alguém no mundo tem muito a aprender com a sua experiência, de que o que você viveu tem relevância para alguém.
Deve ser por isso que as pessoas têm filhos.

Pode parecer até cruel, colocar alguém em um mundo que está cada vez pior por motivos tão fúteis, mas nem por isso é algo incompreensível.

O meu agora é só meu e só por agora. E que cada um decida o que fazer do seu.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

From nine to five

I got what the world would call a normal, boring job. I wake up in the morning, get dressed, drive myself to work, put on a name tag, take my brain out of my skull, and place it in a drawer.

I spend the next nine hours smiling at people, pretending to be interested in their happiness, tolerating the company of my co-workers, staring at the clock.

At the end of the day, I take my name tag off, open the drawer, reach for my brain, plop it back inside, walk to the employee parking lot, drive myself home...

And it's really, really, really boring. And looks like I'm gonna be doing it for a long, long time..."


Mary-Louise Parker interpretando Nancy Botwin no seriado Weeds, de Jenji Kohan