segunda-feira, 13 de abril de 2009

Festa no quintal

Chegam os chefes de família e suas rencas de filhos. A maior parte você nunca viu na vida, e mesmo assim é forçado a agir como se conhecesse. Afinal, “vocês brincavam juntos o tempo todo”!

Enquanto as crianças, se aproveitando da guarda baixa de seus pais, enlouquecem os donos da casa, os “adultos” fazem a tradicional rodada de perguntas indiscretas sobre sua vida pessoal. Você responde da forma mais evasiva que conseguir. Pessoas comentam o quanto você cresceu e acrescentam que “é melhor tomar cuidado, hein paizão? Essa menina ainda vai dar trabalho!”, com um sorriso perturbadoramente alegre.

Hora da comida é a parte mais legal. As humilhações cessam e você só tem que se preocupar em se aventurar no exotismo culinário de seus antepassados. Meio nojento, mas bem divertido. Aos poucos você acaba pegando o jeito e, explorando as iguarias a que todos estão acostumados, acaba descobrindo aquelas que não te farão vomitar. Cheira. Pergunta do que é feito. Se tiver textura de gelatina, mas não for sobremesa, não come. Do mocotó dá pra comer os legumes. Da feijoada, além dos grãozinhos, a carne seca e lingüiça (do tipo com trema) também são comíveis. Um pouquinho de farofa e couve do lado, que além de ornarem o prato dão a ilusão de que você também come alimentos verdes.

Música: Violão, sopros, contrabaixo e, em ocasiões especiais, até uma bateria. Na garagem, casais de idade avançada brincam de Dancing Queen enquanto todo o resto conversa no canto, quase como no bailinho da escola.

Churrasco combina com cerveja. Para o churrasco o carvão sempre falta. Para a cerveja sempre falta gelo. Pobre coitado que bebeu menos sai para reforçar o estoque. Mais carne? Não, não precisa, o que tem dá. Mais cerveja? Sim, esta sempre falta.

Fim de noite. Restos de sobremesa do almoço para repor o nível de açúcar e assim restaurar o tanto de senso de direção necessário para se manter em pé.

Nesse estado, todos fazem muitos planos e prometem jamais perder o contato. Entram em seus carros e retornam são e salvos a suas casas. Desta vez como todas as anteriores e as seguintes. E olha que ainda nem existia a lei seca.

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